segunda-feira, 2 de novembro de 2009

X-Mais: Artur no Dia das Crianças

As maravilhosas aventuras do rei Artur
Jornal O Povo, Fortaleza, 12 de outubro de 2009, pág. 4 – Primeiro Caderno

Artur foi até o Panamá, mergulhou no mar do Caribe, subiu em árvores. Já fez 20 aventuras. E, todo dia, descobre passagens secretas pela vida afora.

Ana Mary C. Cavalcante
anamary@opovo.com.br

Artur sabe que é um rei. Uma vez, caiu, ralou a perna, levantou-se e continuou brincando. Não é chorão e só tem "um tiquito" de medo de escuro. É guerreiro. E quer ser pacifista. E jogador de futebol. E flautista. Ele muda de ideia como muda de lugar, num pulo. E sempre diz o que pensa, num fôlego só. Aos oito anos, está na fase de não gostar das meninas e de brigar com o irmão mais velho, o Lucas, 10, parceiro na hora de dormir, nos castigos e no playstation.

Videogame e computador são o assunto preferido do menino. Mas ele também gosta de correr, pelos quintais do mundo. Artur foi até o Panamá, mergulhou no mar do Caribe, subiu em árvores. A pausa é só para beber água. O menino não tem tempo a perder, precisa terminar uma estação espacial (com 3.803 peças do Lego novo). E, todo dia, descobre que a vida é cheia de passagens secretas.

Artur saiu de dentro de um livro. E também é uma cantiga de amor que os pais criaram. Ele tem uma mãe meio encantada, que sabe brincar. E um pai que inventa músicas e finais felizes. Mas Artur Pinheiro Paiva Cavalcante tem suas próprias histórias, ou melhor, aventuras, para contar.

O POVO - Quando eu liguei para o seu pai, para marcar a entrevista, ele me disse que ia ver como estava a sua agenda. Você é muito ocupado?
Artur Paiva - Mais ou menos. Eu só tô livre às sextas. E sábado e domingo.

OP - E o que você faz segunda, terça, quarta e quinta?
Artur - Segunda, eu tenho fonoaudióloga, terça, eu tenho futebol, quarta, flauta, quinta, futebol.

OP - Sexta, sábado e domingo são os dias em que você brinca?
Artur - Não, nos outros dias, eu também brinco, né? Mas eu não tenho muito teeemmmpo.

OP - E você gosta de fazer o quê?
Artur - Gosto de entrar no computador, jogar videogame, montar meu Lego. Gosto de correr, de jogar futebol, um monte de coisas.

OP - Tem alguma hora em que você fica cansado?
Artur - Às vezes. Eu só dou uma pausa pra beber água.

OP - Você gosta muito de computador?
Artur - Amo. (pulando da cadeira) Vou abrir, que minha mãe deixou.

OP - E qual é o seu assunto preferido?
Artur - O meu assunto preferido é a coisa que eu mais gosto (aponta para o site do Club Penguim, que acabou de acessar).

OP - Foi difícil aprender a mexer no computador?
Artur - Foi.

OP - Quem lhe ensinou?
Artur - Meu irmão.

OP - Quem é mais sabido, você, ou seu irmão?
Artur - É ele. Ele é mais velho do que eu.

OP - Quer dizer que quem é mais velho é mais sabido?
Artur - É. (ele se entrete escolhendo "pinguins amigos", no jogo do Club Penguim).

OP - Mas quem você acha que é a pessoa mais sabida do mundo?
Artur - Deus.

OP - Como você escolhe um amigo, no computador?
Artur - Ele tem que me superar. Assim, me surpreender. Por exemplo: esse (pinguim) tem a roupa de cavaleiro e eu vou pedir pra ser amigo dele.

OP - Entendi. E seus amigos de verdade, você tem muitos amigos?
Artur - Tenho... Ai, que droga, ele foi pro meu iglu (desconversa, com atenção no jogo).

OP - De novo: você tem muitos amigos? Como você escolhe seus amigos?
Artur - Ah, certo. A gente começa brincando. O João Bruno era lá do colégio. Eu, meu pai e meu irmão tava jogando futebol, na quadra, aí, ele chegou, e eu reconheci ele de algum lugar. Aí, o papai chamou ele pra jogar futebol com a gente.

OP - Quem é seu melhor amigo?
Artur - O André.

OP - Por quê?
Artur - Ele não bate muito, nunca causa encrenca, não implica comigo, não se dana no colégio, a família dele é legal, eu gosto dele.

OP - Hum... Qual foi o passeio que você fez que achou mais legal?
Artur - (ele não dá bolas para a pergunta, fica mexendo no computador).

OP - Ei, você pode me dizer sobre o passeio?
Artur - (tentando acessar o site do Jornal Aventuras, que ele também faz com o pai e o irmão). Como é que eu volto isso aqui, hein?

OP - Você escreve sobre o quê, nesse jornal?
Artur - Ah, a gente escreve das aventuras que a gente fez.

OP - E você já fez muitas aventuras?
Artur - Fiz. Vinte.

OP - Vinte aventuras?
Artur - Viajamos para 20 lugares, na verdade.

OP - Qual o lugar mais longe que você foi?
Artur - A Colômbia... É que eu tenho que mostrar a edição do jornal e não tô conseguindo (ele liga para a mãe, para perguntar como fazer. Depois de muito pelejar, volta para a conversa). O segundo lugar mais longe que eu já fui, deixa eu ver... Panamá.

OP - Hum... O que você quer ser quando crescer?
Artur - Quero ser interrogador da polícia.

OP - Assim você vai ajudar a fazer um mundo melhor?
Artur - Na verdade, não quero ser um interrogador. Eu quero ser um pacifista.

OP - E o que um pacifista faz?
Artur - Ele não tem guerra. Por exemplo: um soldado e um pacifista, tem muitas diferenças. O pacifista não é a favor da guerra e o soldado, pode não ser a favor da guerra, mas ele é da guerra... Eu só conheço um pacifista. Tu conhece o Lúcio, da Seleção Brasileira?

OP - Conheço.
Artur - Eu e meu irmão, a gente tem um videogame e, quando joga futebol nele, a gente diz que o Lúcio é pacifista por que ele nunca fazia falta.

OP - Como as pessoas têm que resolver os problemas?
Artur - Tem duas maneiras de resolver: lançando granada, explodindo país, mas isso não é uma boa. E a boa é conversando e resolvendo suas diferenças (nesse momento, Artur cruza as pernas, mostrando uma raladura).

OP - E essa raladura na perna, foi o quê?
Artur - Tava sendo uma homenagem do papai e do Dim (um artista que manufatura brinquedos), porque eles tavam inaugurando a nova sede da orquestra de Pindoretama. O papai também foi homenageado lá porque a banda dele, a Dona Zefinha, tem uma parceria com a orquestra de sopros de Pindoretama. Aí, o maestro cortou a fita vermelha. Só deu pra ver a tesoura, de tanta gente. Aí, eu e a filha do Dim entramos lá dentro. Se espremia, mas eu encontrei um atalho. Era o atalho do auditório secreto. Aí, a gente entrou. Sabe onde é que a gente sai?

OP - Nem imagino.
Artur - Na última sala da sede da orquestra.

OP - Tá, mas você se ralou como?
Artur - Eu me ralei assim: tava brincando com um menino que eu nem conheço, de pega-pega, aí, tinha uma cerca. Eu fui pular a cerca e taquei (a perna) no chão.

OP - Você chorou?
Artur - Não.

OP - Você não é chorão?
Artur - Não, só minha mãe que é. Ela tem medo de altura.

OP - Você é muito danado?
Artur - Muito.

OP - Já ficou muito de castigo?
Artur - Fiquei umas... Perdi a conta.

OP - E o seu irmão é legal?
Artur - Não.

OP - Você disse que brinca com ele...
Artur - Brinco de playstation, dou dica pra ele. Mas o bom de viver com ele, sabe qual é? O bom de ser irmão mais novo é que sempre as coisas que mamãe não acha que eu consigo fazer, ela bota a culpa no Lucas. Por exemplo, uma vez, eu ia quebrando um vaso, se não me engano. O vaso quebrou um pouquinho. O vaso tava lááá em cima. A mamãe achou que eu não podia fazer por que eu era baixinho. O Lucas levou a culpa e ficou de castigo por duas semanas.

OP - E você ficou bem caladinho?
Artur - Fiquei. Eu disse que vi ele quebrando, aí, ele ficou com ódio.

OP - Então, você mentiu?
Artur - Não, eu não menti. Eu enganei a mamãe pra eu não ficar de castigo.

OP - E você acha que isso foi certo?
Artur - Mais ou menos.

OP - Deixa eu perguntar a última coisa: você sabe por que se chama Artur? Artur - Eu sei: por causa que a mamãe gosta do rei Artur, então, ela me deu o nome de Artur, mas não em inglês. Eu tenho o nome de um rei, só que sem "h", tá?

Um comentário:

  1. Olá Lucas e Artur!
    Passando para parabenizar pelo blog.
    E a matéria sobre as maravilhosas aventuras do Rei Artur, muito bacana, mesmo!

    E que continue o show...

    Abraços amiguinhos!

    Paulo - Os Bufões

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